sexta-feira, outubro 13, 2006

Pai - António Manuel dos Reis


Bem... Não te tive quase a minha vida inteira, pouco conhecia da tua maneira de estar e ser a não ser pelo que me contaram.
Quando partiste, eu tinha 8 anos e foi-me muito difícil entender como se perde uma pessoa... muito menos como foi...
Ainda me lembro aquela manhã em que acordei com o choro da minha avó inconsulável... Não me parecia real... Não entendi...
Os dias seguintes tentava entender... mas ainda hoje não....
Tenho vagas memórias tuas, uma vez que me foste buscar à escola e que me compraste um monte de chocolates, recordo de ir contigo às compras e que me compraste um belo chapéu cor de rosa que eu exibia orgulhosamente.
Mas sabes... foi depois que senti a tua falta essencialmente...
Nos primeiros tempos fazia-me acreditar que estarias algures lá no céu atrás de uma nuvem a olhar por mim, gostava de me sentir assim protegida e acompanhada...
Senti imenso a tua falta... ainda hoje penso... que se fosses vivo tudo seria diferente... tudo teria sido melhor.
Olhar para todas as minhas amigas com os pais ao lado... cheguei a sentir inveja delas, e revolta também, ao ver tantas vezes que elas não valorizavam as coisas simples que tinham, os laços...
Quando te foste... a minha unica herança foi um album de fotografias... e algumas cartas das tuas namoradas... Nem sabes as vezes que as li....
E as fotos...
Não sei realmente se nestes 22 anos me olhás-te lá de cima... ainda hoje gostaria de acreditar que sim...
Mas acima de tudo, tenho orgulho em ti pai.
Sabia que eu era a “tua menina”, sabia o orgulho com que me exibias, sabia que me amavas a cima de tudo e todos, também te amava pai... também te amo...
 
posted by Peste at 11:03 da manhã, |

1 Pestinhas:

  At 3:54 da tarde Anonymous Anónimo said:
Infelizmente nem todos temos o previlégio de contar com os nossos pais ao nosso lado, mas acredito que estão mesmo atrás de uma nuvem a acompanharem o nosso dia-a-dia.