segunda-feira, outubro 16, 2006

Vó Nrº 3 – Vó Rosa ou vó Maria tanto faz


Resolvi saltar umas quantas pessoas para falar já desta avó, porque tal como a minha própria avó, também lhe estou a dizer adeus.
A Avó Maria é a minha avó nr 3, a de empréstimo, como vivi sempre com a minha avó e com os meus tios, a família por parte do meu tio, passou a ser a minha família de mepréstimo, como tal esta é a minha avó Emprestada.
A avó Maria está no hospital nesta altura, e tenho as minhas sérias dúvidas se ainda sairá de lá, sofre dos rins e os seus 95 aninhos também já não ajudam, um dos rins já faliu e o outro já está abaixo dos 10% de funcionamento, claro que nesta idade os médicos optam por não fazer grandes tratamentos, não só porque é um custo, mas também um sofrimento para o doente.
A avó Maria, é uma avó típica, longos cabelos brancos, cabelo sempre com um rócócó enrrolado, uma verdadeira “Às” na renda, aliás... deixou à muito pouco tempo a agulha e as linhas... Empunhou-a até à última...
A avó Maria sempre dizia à Babinita, que eu devia escrever um livro sobre o meu triste início d vida... Mas para quê??? Remoer mais uma vez a triste história??? É Como eu disse... seria um livro de adormecer a babar em cima dele, depois corria o risco do Manuel de Oliveira o ler e querer adaptar para filme e seria igualmente movimentado, e depois??? Ser conhecida na rua como a coitadinha que a mãe abandonou e blá blá blá??? Ainda passava a ser piada dos mais audazes e atrevidos com comentários estilo: Deves ser cá uma PESTE!!! Ou Nem a tua mãe te quiz!!!
Assim prefiro fechar as amarguras e os anos negros que já passaram e já ultrapassei e viver a minha vida e esperar que os meus filhos nunca passem por algo, já tive a minha cota de tristezas.
Mas voltando... A avó Rosa, também é uma mulher do Campo, da mesma terra da minha avó, lá para os lados de Odemira, criou igualmente os filhos com muito trabalho e sacrifício, trabalhavam de sol a sol, adorava as flores também e cultivava o culto do quintal florido e perfumado é uma mulher corajosa e de grande força interior.
Quando era pequena (e ainda hoje sou), adorava ouvi-las falar nos tempos de outrora, claro que nunca sabemos o significado das palavras cansadas e suadas, parecia apenas uma história de avós, de uma gata burralheira.
A avó Maria gostava muito de cantar, mas nossas reuniões familiares onde a família se juntava toda à mesa na casa da tia Fátima, ela aproveitava para cantar lembro-me prefeitamente da “ó Rama ó que linda Rama”.
Outra coisa que me fica na memória é as aguardentes da avó Maria, hehehe, na casa dela havia aguardente de tudo que ela conseguisse deitar a mão, hehehe, melão, ameixa, pera, maçã etc, não que ela a bebesse, mas caso alguém quizesse ou talvez para uma das nites frias.
Foi casada com o avô Xico, que não recordo, sei que gostava muito de mim também pelo que contam, era demasiado pequena quando ele partiu, deveria ter uns 4 aninhos, como tal a eles os dois: beijos grandes pó avô Xico e para a avó: Beijo grande com muito carinho e que o teu último caminho seja para te levar ao merecido descanço.
 
posted by Peste at 10:24 da manhã, |

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